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Reavivada pela historiografia, a administração da América portuguesa apresenta-se como objeto privilegiado de análise, uma vez que possibilita o entendimento verticalizado das filosofias, dos pensamentos, das diretrizes e da práxis que nortearam a ação governativa na Colônia. Em outras palavras, o estudo da temática permite a avaliação dos discursos e valores diretivos das ações metropolitanas, das crenças e dos princípios políticos fundantes da linguagem oficial - presentes em variada tipologia documental -, bem como de suas apropriações no universo colonial. Destaca-se neste fórum de discussão que, apesar da existência de estratégias governativas ligadas a mecanismos e agentes cuja atuação abarcava diversos níveis, especialmente o local - aspecto bem esquadrinhado pela historiografia atual -, de igual maneira, processou-se, à época, a aplicação de medidas visando o fortalecimento da presença da Coroa em suas conquistas na intenção de manutenção e ampliação de seu domínio. Ressaltem-se, sob esse prisma, a elaboração de legislação voltada a regiões particulares de além-mar, o uso de instruções de cunho moral-religioso, o emprego de certos tipos de ação impositiva e as estratégias relativamente padronizadas de combate a revoltas. Todos esses aspectos voltados à reafirmação, inclusive na esfera simbólica, das estruturas administrativas centrais articulavam-se à de razão de Estado, noção em torno da qual se produziu, na Península Ibérica dos séculos XVI e XVII, importante literatura, destacando-se as de caráter neoescolástico e tacitista. Tais reflexões, por vezes apresentadas sob a forma de emblemas, compuseram o quadro das representações e práticas administrativas, perceptíveis sobremaneira (mas, não apenas) na documentação exarada por órgãos lisboetas. O Simpósio Temático em questão tem por objetivo, portanto, congregar trabalhos que intencionem discutir a atuação ordenadora exercida pelo Estado português nos diferentes rincões da Colônia, concebendo-a como estratégias e mecanismos dedicados não apenas ao exercício do governo, mas também ao do domínio. Dessa forma, o simpósio situa-se no encontro de três abordagens temáticas: os desafios relativos às políticas centralizadoras durante a Época Moderna, a retórica e a prática administrativas direcionadas à América portuguesa - expressas pelos dizeres e pelas orientações latentes no léxico documental - e o ordenamento social de seu território. Acredita-se que, com base na análise de elementos preponderantes da redação dos manuscritos, seja possível evidenciar marcas, permanências e transformações no esforço regulador da Coroa lusitana no Ultramar.

 

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