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Em 1999, no Simpósio Nacional da Anpuh, Mariza Soares, Silvia Lara e Hebe Mattos apresentaram uma mesa-redonda intitulada Os "Mina" em Minas: as "Áfricas" no Brasil e a pesquisa em história social da escravidão". Àquela altura, quando a renovação da historiografia sobre a escravidão se firmava a pleno vapor, seus laços com a história da África constituíam um desafio de certa forma inicial, sobre o qual até então muito pouco havia sido feito no cenário historiográfico daquele momento. Questões como identidades étnicas, processos de reconstrução de vínculos comunitários na situação de tráfico e escravidão eram levantadas em novos campos documentais ou em releituras que buscavam redimensionar as análises de cunho social e econômico. Em que pesem pesquisas àquela altura ainda de certa forma isoladas, uma grande virada no mundo acadêmico veio com os desdobramentos da lei 10.639 de 2003. Hoje no Brasil há programas de pós-graduação, linhas e grupos de pesquisa que têm avançado de forma consistente nos diferentes domínios da história da África, e na história dos africanos nas Américas, com um alto grau de especialização. O aprofundamento dos estudos demográficos foi também marcante nos últimos anos. Conceitos como o de diáspora africana, mundo atlântico, conexões e redes, grupos de procedência e identidades étnicas perpassam uma produção muito significativa da historiografia, com contatos particulares com a história colonial. Quase duas décadas depois daquele encontro, Mariza Soares e mais três pesquisadores de diferentes momentos de sua trajetória profissional reconfiguram a proposta de pensar a história fora das amarras das fronteiras nacionais e, a partir de diferentes ângulos e temáticas, se encontram para refletir sobre a categoria "Mina", partindo de um contexto sócio-histórico específico, a região das Minas coloniais, para investigar sua relação com a complexa história do golfo do Benim.
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