top of page

A transferência do eixo comercial europeu para o Oceano Atlântico, no século XVI, em decorrência da expansão ultramarina, ensejou o encontro de povos e culturas que se desconheciam e propiciou a maior experiência transcontinental da Europa cristã desde o movimento das Cruzadas. O sentido colonizador deste empreendimento, capitaneado pelos Estados modernos ibéricos, alterou profundamente o perfil das sociedades aquém e além–mar. O surgimento e a propagação das ideologias que embasaram a discriminação de indivíduos e de grupos em decorrência da etnia, gênero, orientação sexual, ofício, credo religioso ou costumes culturais encontraram na política de intolerância religiosa dos Estados Confessionais sua base de apoio. Este Simpósio discutirá as práticas discursivas, jurídicas, eclesiásticas, administrativas, que viabilizaram a irradiação e o enraizamento de preconceitos raciais, a criminalização de comportamentos e costumes culturais rejeitados pela religião oficial. Analisará, sobretudo, o papel da Inquisição como poderoso instrumento de implementação das tecnologias disciplinares do Estado para a construção do edifício social do Antigo Regime.

Bibliografia:

BETHENCOURT, Francisco. Racisms – from the cruzades to the twentieth century.Princeton; Oxford: Princeton University Press. 2013
CALAINHO, Daniela. Metrópole das Mandingas – religiosidade negra e Inquisição portuguesa no antigo Regime. Rio de Janeiro: Garamond, 2008.
PAIVA, Eduardo França. Dar nome ao novo: uma história lexical da Ibero-América entre os séculos XVI e XVIII. Belo Horizonte: Autêntica, 2015.
RAMINELLI, Ronald. Nobrezas do Novo Mundo- Brasil e ultramar hispânico, séculos XVII e XVIII. Rio de Janeiro: FGV Editoram 2015.
SANTOS, Georgina Silva dos. Ofício e Sangue – a Irmandade de São Jorge e a Inquisição na Lisboa Moderna. Lisboa: Colibri - ICIA, 2005.
SILVA, Bruno. Genealogias Mazombas – castas luso-brasileiras em crônicas coloniais. Niterói, Eduff, 2016.
SCHWARTZ, Stuart B. Cada um na sua lei – tolerância religiosa e salvação no mundo atlântico ibérico. São Paulo: Companhia das Letras; Bauru: Edusc, 2009
VAINFAS, Ronaldo. Jerusalém Colonial – judeus portugueses no Brasil Holandês. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2010.

bottom of page