
Professor Dr. Hal Langfur - University of Buffalo, EUA
â
Fronteira: ConvergĂȘncia e divergĂȘncia transnacional no estudo do colonialismo interno.
Adotando a perspectiva transnacional, esta palestra explora a ideia de âfronteiraâ como um conceito aplicĂĄvel Ă histĂłria colonial do Brasil. Durante boa parte do sĂ©culo XX, a ideia atraiu historiadores dos Estados Unidos. No Brasil, acadĂȘmicos consideram seu potencial relevante, mas muitas vezes rejeitaram sua utilidade para analisar a expansĂŁo colonial portuguesa no interior do continente. A aversĂŁo ao conceito derivava dos excessos percebidos em sua aplicação nos Estados Unidos, onde a ideia assumiu um status que era ao mesmo tempo mĂtico, utĂłpico e excepcionalista. TambĂ©m foi profundamente desprezĂvel com os povos indĂgenas e outros atores histĂłricos nĂŁo anglo-saxĂ”es. As reservas dos acadĂȘmicos brasileiros mostraram-se provĂĄveis, jĂĄ que suas contrapartes norte-americanas chegaram a compartilhar muitas das mesmas objeçÔes. Ao afastar a ideia, no entanto, os estudiosos brasileiros frequentemente negligenciaram a importĂąncia histĂłrica e a complexidade dos processos de incorporação territorial no perĂodo colonial. Quando exploraram o assunto, muitas vezes se voltaram para outras noçÔes - especificamente, o sertĂŁo e o bandeirismo - que sofreram muitas das mesmas limitaçÔes e equĂvocos inerentes Ă historiografia norte-americana da fronteira. AlĂ©m disso, negligenciaram as aplicaçÔes ibĂ©ricas anteriores do conceito que o tornaram relevante nĂŁo somente em Portugal, mas tambĂ©m na AmĂ©rica portuguesa. Uma renovação recente do interesse acadĂȘmico no assunto aponta para uma crescente convicção de que a histĂłria colonial do Brasil nĂŁo pode ser adequadamente compreendida sem prestar maior atenção Ă consolidação territorial interna da colĂŽnia, quer se trate ou nĂŁo do termo fronteira para descrever esse processo. Agora Ă© justo dizer que este paradigma estrangeiro do sĂ©culo passado, um conceito que nunca cativou muitos intelectuais brasileiros, estĂĄ sendo remodelado e reabilitado como resultado de um diĂĄlogo hemisfĂ©rico energĂ©tico.
â
Apresentação e moderação - Kittiya Lee (California State University)
*A conferĂȘncia do professor Dr. Hal Langfur serĂĄ proferida em portuguĂȘs.
Local: AuditĂłrio do Hotel eSuits Vila do Mar Ă s 19hs.
ConferĂȘncia de abertura
Professor Dr. Jorge Cañizares-Esguerra - University of Texas, EUA
â
Modernidades radicais esquecidas do sĂ©culo XVI: As origens globais ibĂ©ricas do Antigo Regime da ciĂȘncia, abolicionismo, ceticismo e democracia.
Esta palestra argumenta que as AmĂ©ricas testemunharam uma transformação radical no sĂ©culo XVI, de antigos para novos regimes, jĂĄ que a negociação por meio da violĂȘncia derrubou antigas elites nativas e recriou novas. Um sistema de corretagem atravĂ©s da personalidade do rei criou montanhas de petiçÔes e litĂgios. Centenas de milhares de novas leis que inventaram novas categorias legais e instituiçÔes surgiram atravĂ©s de uma enorme expansĂŁo da "democracia" jurĂdica. Esta cultura manuscrita de petiçÔes e legislação, por sua vez, gerou um arquivo infinito de novos conhecimentos e gĂȘneros. O conhecimento resultou da natureza antagĂŽnica e contra-argumentativa das petiçÔes. Debate conduzido em manuscrito para pequenas audiĂȘncias de magistrados (rei em conselho) criou um dos maiores arquivos de conhecimento que o mundo jĂĄ havia visto. Ă medida que a palestra se concentra no processo de recreação de regimes antigos nĂŁo-liberais, desafia uma sĂ©rie de categorias historiogrĂĄficas associadas ao triunfo do liberalismo anglo-americano e Ă s categorias do Iluminismo. A palestra destaca que o conhecimento moderno nĂŁo saiu da esfera pĂșblica e da cultura impressa. A palestra tambĂ©m explora um sistema de legislação-graça-litĂgio, prĂłprios do Antigo Regime, que criou ceticismo e dĂșvida e promoveu a persuasĂŁo retĂłrica, e nĂŁo a "verdade". O sistema, no entanto, tambĂ©m procurou obter legitimidade para o prĂncipe-corretor. Novas instituiçÔes foram criadas para garantir um resultado "moral". A busca pela moralidade, por sua vez, levou Ă busca da "objetividade". A modernidade foi criada nas prĂłprias entranhas de um novo regime antigo, que teve que ser reinventado por meio de formas de escrita jurĂdica participativa maciça via petiçÔes.
â
Apresentação e moderação - Carmen Alveal (Universidade Federal do Rio Grande do Norte)
*A conferĂȘncia do professor Dr. Jorge Cañizares-Esguerra serĂĄ proferida em espanhol.
Local: AuditĂłrio da Reitoria da Universidade Federal do Rio Grande do Norte Ă s 19hs.
ConferĂȘncia de encerramento
â

