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Articular os diversos pontos do Império Ultramarino Português se constituiu em uma tarefa desafiadora, inovadora e necessária para a Coroa lusitana. Conforme já apresentado por António Manuel Hespanha e Maria Catarina Santos os “poderes num império oceânico” não se estruturaram, apenas, em formas “tradicionais” de dominação. Nesta lógica, ao lançar um olhar para um quadro mais amplo, devido às conquistas dos mais diversos territórios em distintos momentos políticos-institucionais, a Coroa lusa acabou inserindo-se em multifacetadas dinâmicas, passando a assumir diferentes e inéditos papéis, ora como protagonista das ações, ora como coadjuvante. Contudo, independente de qual papel assumisse, se fazia presente, necessitando responder às mais distintas conjunturas nos mais longínquos pontos dos domínios portugueses. Observa-se que uma das estratégias da monarquia lusa era nomear/inserir oficiais para assegurar as prerrogativas régias nas localidades, sendo que, por intermédio destes mesmos oficiais, buscava manter o controle daqueles espaços, bem como acabava conseguindo importantes e diversificadas informações por meio da documentação produzida por seus agentes. Neste percurso, a produção historiográfica recente vem revelando novas formas de compreender a instalação das instituições administrativas, jurídicas e dos poderes locais nas dinâmicas da América portuguesa. Desse modo, os novos olhares, teórico e metodológicos da historiografia, foram lançados sobre as diversas fontes ampliando os conceitos e o sentido da atuação dos representantes da administração, justiça e das práticas no cotidiano do Ultramar português, enfatizando as relações jurisdicionais entre autoridades ajustadas às mais diferentes localidades de sua atuação. Portanto, entender como se caracterizava as práticas administrativas desses representantes régios, é adentrar nos espaços de negociação, embate e conflito presente nas diversas formas de governar destes indivíduos no exercício de suas funções. Diante disto, torna-se relevante a discursão acerca da atuação dos representantes da administração na América portuguesa, por revelar de que forma os dispositivos de poder eram colocados em prática no exercício do mando nos espaços colônias do ultramar em relação às normas do Estado lusitano. Dada essa perspectiva, o Simpósio Temático acolherá apresentações que se dediquem a analisar documentações que abordem as questões administrativas do Império português, problematizando-as na busca de novas (ou reforçando “velhas”) perspectivas interpretativas tanto para a governação dos espaços, quanto à articulação dos poderes nas localidades.
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