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Objetivo:

 

O minicurso tem como principal objetivo discutir como os pesquisadores na área de História Colonial podem utilizar os mapas históricos como fontes para suas pesquisas, além de exemplificar como a produção cartográfica, a partir de novos recursos digitais disponíveis, também pode se configurar em instrumento de análise de problemas históricos. Busca-se, portanto, não só apresentar o debate atual acerca da Cartografia Histórica, mas também propor aos historiadores na produção de mapas temáticos e modelos geográficos como forma de apresentar os resultados de suas pesquisas.

Justificativa:

O campo da Cartografia Histórica tem se desenvolvido amplamente nas últimas três décadas, sendo possível constatar um aumento crescente do número de trabalhos centrados no uso de mapas históricos como fontes para a compreensão de processos da história social e econômica em um dado lugar e momento. No entanto, ainda hoje e a despeito de todo o desenvolvimento da área, um grande número de trabalhos produzidos por historiadores relega os mapas a uma categoria menor de documento ou, pior, utiliza-os de modo meramente ilustrativo ou de forma bastante pontual, geralmente relacionados à localização ou à topografia de seus recortes espaciais. Este minicurso buscará demonstrar como, a partir de métodos e técnicas próprias ligadas ao campo da Cartografia Histórica, os mapas também são fontes históricas que devem ser inquiridas pelos historiadores e podem ser ainda empregadas como fontes utilíssimas para a produção de interpretações de processos relacionados às áreas da história social, cultural e econômica da sociedade que produziu e fez uso destes mapas. Para tanto, o minicurso buscará reconstituir, ainda que brevemente, a formação do campo e sua renovação nas décadas de 1980 e 1990; abordar aspectos teóricos e metodológicos específicos da História da Cartografia; relacionar alguns dos acervos cartográficos digitais, no Brasil e no exterior; apresentar os grupos de estudos e espaços de debate em curso entre os pesquisadores que atualmente se dedicam ao campo e, por fim, destacar algumas pesquisas recentes que fizeram uso dos mapas como fontes em História Colonial.

Carga horária: 6h.

 

Plano de curso:

 

Sessão 1: Velhos mapas, novas leituras: história e metodologia da Cartografia Histórica.

No primeiro encontro do minicurso, propõem-se reconstituir a formação da História da Cartografia como campo de pesquisa, principalmente após os anos 70 com os estudos de John Brian Harley, apresentar o desenvolvimento de seus aspectos teóricos e metodológicos, assim como os principais debates em curso dentro deste campo de estudo. Neste dia também será abordada a questão de como a Cartografia Temática e a Modelização Geográfica podem se configurar em importantes ferramenta para os estudos históricos.

Sessão 2: Estado da arte no Brasil: pesquisadores, grupos de estudo e eventos.

No segundo encontro, o minicurso buscará apresentar um panorama dos estudos de Cartografia Histórica no Brasil nos últimos anos. Além disso, serão apresentados os grupos de estudos atualmente em funcionamento e os principais encontros de pesquisadores nesta área.

Sessão 3: Estudos de caso: mapas históricos e cartografia temática em pesquisas históricas. Na terceira e última sessão, o minicurso buscará enfocar algumas pesquisas que fizeram uso analítico de mapas históricos como fontes para questionar os problemas ligados às pesquisas em História Colonial na América portuguesa. Serão apresentados dois estudos de casos desenvolvidos pelos proponentes deste minicurso. O primeiro relaciona-se aos mapas históricos do século XVI com enfoque na região do rio Amazonas; o segundo à cartografia paulista e suas relações com a política e economia de São Paulo na transição do século XVIII para o XIX.

 

Bibliografia

ADONIAS, Isa. A Cartografia da Região Amazônica: catálogo descritivo (1500-1961). Rio de Janeiro: Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, 1963, 2 tomos.

BEIER, José Rogério. Artefatos de poder: Daniel Pedro Müller, a Assembleia Legislativa e a construção territorial da província de São Paulo (1835-1849). 2015. Dissertação (Mestrado em História Social) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2015.

BERTIN Jacques. Sémiologie Graphique : les diagrammes, les réseaux, les cartes. Paris/La Haye: Mouton & GauthierVillars, l967.

BUENO, Beatriz Piccolotto Siqueira. Desenho e Desígnio: o Brasil dos engenheiros militares (1500-1822). São Paulo: Edusp, 2011, 456p.

CORTESÃO, Jaime. História do Brasil nos velhos mapas [1951]. Lisboa: Instituto Nacional Casa da Moeda, 2009, 2 tomos.

FURTADO, Junia Ferreira. Oráculos da geografia iluminista: dom Luís da Cunha e Jean-Baptiste Bourguignon D'Anville na construção da cartografia do Brasil. Belo Horizonte: UFMG, 2012, 707p.

HARLEY, John Brian. La nueva naturaleza de los mapas: ensayos sobre la historia de la cartografía. Compilación de Paul Laxton. Introducción de J. H. Anderson. Traducción de Leticia García Cortés, Juan Carlos Rodriguez. Mexico: Fondo de Cultura Económica, 2005, 400p.

JOLY, Fernand. A cartografia [1976]. 8ª ed. Trad. Tânia Pelegrini. Papirus: Campinas, 2005, 136p.

KANTOR, Iris. “Cartografia e diplomacia: usos geopolíticos da informação toponímica (1750-1850)”. In: Anais do Museu Paulista. São Paulo, v. 17, n.2, jul./dez. 2009, p. 39-62.

MORAES, Antônio Carlos Robert. Ideologias geográficas: espaço, cultura e política no Brasil. São Paulo: Hucitec, 1988, 156p.

RABELO, Lucas M. A representação do Rio ‘das’ Amazonas na Cartografia Quinhentista: entre a tradição e a experiência. Dissertação (mestrado em História) –UFAM, Manaus, 2015.

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